Segundo Marcelo Cherto, presidente do Grupo Cherto, a empresa desenvolveu uma série de estudos que mostram que, de 1900 a 2016, o Brasil passou por uma série de crises, algumas mais profundas e de mais difícil recuperação, como é a que o país vive nos últimos anos. No entanto, Cherto aponta que, passados os momentos de crise, o PIB costuma subir de forma significativa. “São momentos em que há muita demanda e investimentos reprimidos. Quando a economia retomar a valer, isso deve acontecer com força”, afirma o especialista em franquias.
Segundo Cherto, o perfil do brasileiro que busca empreender, atualmente, varia entre aqueles que têm realmente a vontade serem donos do próprio negócio e aqueles que não têm outra saída. “Muitos perderam seus empregos e as empresas estão cada vez mais enxutas, realmente diminuindo seus quadros de funcionários principalmente de um certo nível salarial para cima”, explica.
De acordo com João Luis de Moura, consultor do Sebrae-PR, muitas destas pessoas que perderam os empregos também não estão interessadas em voltar ao mercado tradicional, e há uma mudança nos modelos de negócios que tem possibilitado mesmo quem tem pouco para investir. “Estão surgindo empresas com estrutura mínima, baixo investimento, sem todo aquele aparato tradicional. Esta mudança nos modelos de negócio possibilitam muito mais que as pessoas tenham condição de poder abrir um negócio”.
Já para Paulo Ancona Lopez, sócio-presidente da Ancona Consultoria, mesmo com a recuperação da economia, é preciso que o empreendedor saiba que o poder aquisitivo da população, neste momento, é menor. “O melhor é pensar em negócios de baixo investimento e de produtos e serviços de baixo valor, para que sejam uma alternativa para o consumidor que busca fugir de marcas caras e de despesas maiores”, aponta.
Mas seja por vontade ou necessidade, os passos para empreender são os mesmos: muita pesquisa, estudo e atenção na hora de escolher em que setor investir seu dinheiro.
Primeiros passos
A Associação Internacional de Franchising costuma martelar uma frase em seus eventos: Investigue antes de investir. Na hora de escolher em que segmento empreender, a primeira dica é fazer uma autoanálise profunda e honesta. “Empreender significa correr riscos e é preciso estar preparado para isso. É preciso gostar de lidar com pessoas, porque você vai estar o tempo todo em contato com sua equipe, com funcionários e fornecedores. Muitos ignoram isso e pensam apenas no lado financeiro, que é importante, claro, mas não é a primeira coisa. Em primeiro lugar, entenda o que você sabe e gosta de fazer”, explica Cherto.
Moura reforça a importância de se conhecer e ter claro o que quer fazer, e a partir daí pensar no diferencial que você deseja levar ao consumidor. “Conhecer a fundo o perfil do seu público-alvo é imprescindível para identificar o que de diferente você pode fazer por ele. Proponha-se a ser um especialista naquilo que você quer fazer, pois a concorrência está em tudo e quanto menor for a inovação, maior é a concorrência”, explica.
Em seguida, os consultores enfatizam a necessidade de um plano de negócio estruturado, com visão estratégica, de como será a operação, da forma de atuação em relação a seus concorrentes e estudos financeiros que vão do capital necessário ao tempo de retorno previsto para o investimento feito. “Além disso tem de saber que vai te de se dedicar a isso de forma profunda, pois nenhum negócio caminha sem o olho do dono e como regra geral pode-se afirmar que qualquer novo negócios dá mais trabalho do que se possa imaginar teoricamente”, orienta Paulo Ancona Lopez.
Tendências para 2018
Em 2017, o Sebrae-PR iniciou um trabalho que visa elencar as principais macrotendências em negócios e em como elas afetam, inclusive, os pequenos negócios. Macrotendências são aquelas com maior amplitude, tanto no alcance geográfico como no temporal. Elas costumam caráter global ou nacional, no mínimo, e podem durar décadas. “Nós não vemos a tendência por si só, mas ligada a um comportamento de consumo, que é o que as pessoas devem seguir num futuro próximo. É nisso que quem está interessado em abrir um negócio deve estar atento”, explica Moura.
Além das macro, existem também as microtendências, que geralmente são modismos. “É uma segmentação da macrotendência, mas que geralmente têm período de duração curto e atingem escalas menores. No Brasil, pudemos observar, por exemplo, modismos como as lojas de Frozen Yogurts e de paletas mexicanas, que tomaram conta das ruas e logo começaram a perder força”, exemplifica o consultor do Sebrae. Segundo Moura, investir em modismos não é necessariamente algo ruim, mas é preciso ser feito de forma consciente.
“É preciso até um certo nível de desapego quando um negócio é claramente um modismo, porque em pouco tempo ele deve perder espaço no mercado. Muitos acabam perdendo dinheiro porque quando resolvem investir em um negócio desses, a moda já está passando”, comenta.
Moura diz que para começar a ver as oportunidades, é preciso se perguntar quais as expectativas ainda não atendidas nos mercados. E aí, são identificadas, atualmente, quatro macrotendências que já devem ser sentidas em 2018.
Fonte: Gazeta do povo
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