São Paulo – O que poderia acontecer com seu negócio se você recebesse um conselho da empreendedora Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza? A empreendedora Carla Sarni, por exemplo, usou suas dicas para resolver grandes pepinos que assombravam seu negócio.
Sarni chegou a um ponto em que muitos donos de empresas desistiriam. Com 40 unidades clínicas odontológicas construídas, uma linha de crédito prometida foi de repente cancelada. Acumulando 23 milhões de reais em dívidas, Sarni bem que pensou em vender a rede para a concorrência. Porém, adotou estratégias que mudariam a história de seu negócio, chamado Sorridents.
Hoje, o empreendimento já possui 240 unidades franqueadas e planeja sua expansão para os Estados Unidos. Em 2017, a rede de clínicas odontológicas faturou 258 milhões de reais.
De funcionária a empreendedora
Sarni nasceu em Pitangueiras, no interior do estado de São Paulo. No colegial, começou a estudar na carreira de Magistério. Porém, incentivada por um primo que fazia cursinho pré-vestibular para se tornar dentista, ela prestou o vestibular para Odontologia em Alfenas (Minas Gerais) – e passou de primeira.“Estava na lista dos aprovados, mas minha mãe tinha três filhos e não poderia me sustentar em outro estado. Fiz uma proposta: compraria roupas da loja dela, a preço de custo, e sobreviveria vendendo as peças por lá. Se isso não desse certo em seis meses, voltaria e terminaria a carreira de Magistério”, conta.
Essa foi a primeira experiência empreendedora de Sarni, conciliando a faculdade em período integral com as vendas de roupas, água e bombons. Ela não só pagou suas próprias contas, mas mandou dinheiro para sua família em Pitangueiras.
O desejo de usar a Odontologia para ajudar famílias carentes veio de um estágio de três meses em comunidades perto da faculdade. “Eu gostava muito de ir nesse estágio, fazia-me muito bem atender quem tinha menos do que eu, mas continuava sorrindo. Daí veio a ideia da Sorridents”, afirma. “Falei com a coordenadora e passei o resto do ano nesse serviço. Operei muita gente de graça e me formei com mais experiência do que muitos.”
Com o fim da graduação, em 1995, Sarni decidiu se mudar para a cidade de São Paulo e morar de favor na casa de um tio. Seu primeiro emprego foi uma decepção: nem o material básico era comprado e ela tinha de tirar os recursos para tal de suas próprias economias.
“O que existia na época era dentista de rico e dentista de pobre. Ou eram clínicas lindíssimas, com material de primeira linha, ou eram clínicas de sobreloja nas quais mal se esterilizavam os materiais”, afirma. “Pedi as contas. Queria fazer uma odontologia moderna para qualquer um, já que sempre achei que todos têm o direito de morar bem, comer bem e ter saúde.”
No segundo emprego, uma nova decepção: os dentistas ganhavam por dia, então faziam atendimentos propositalmente demorados. Insatisfeita por não ganhar de acordo com desempenho, Sarni novamente se demitiu.
Em seu terceiro consultório, o patrão da futura empreendedora era advogado. Sendo assim, ela conseguiu fazer a odontologia do jeito que queria, ganhando por atendimento.
“Mesmo sendo funcionária, eu fazia relacionamento com os pacientes. Dava um atendimento humanizado, chamando pelo nome, parcelando os procedimentos e ligando após as cirurgias para saber como andava a recuperação. Fazia pelo propósito, e não pelo dinheiro. Cada paciente me indicava mais pacientes”, conta.
Após seis meses de trabalho, a surpresa de uma cadeira odontológica paga por sua avó acendeu o desejo de abrir o próprio consultório. Na hora de pedir novamente as contas, o advogado perguntou se Sarni não queria comprar o consultório dele.
Fonte: Exame

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