quinta-feira, 30 de novembro de 2017

O mercado de trabalho além dos números: como pessoas que não voltaram para o emprego formal estão se virando



O emprego sem carteira assinada e atividade autônoma seguem puxando a recuperação do mercado de trabalho após o impacto da crise, mostrando mais força que o emprego formal. É o que revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada nesta quinta-feira (30).
Os dados traduzem uma situação vivida por muitos brasileiros a partir da crise: ao ser demitido de um posto formal, o profissional não consegue se recolocar no mercado nas mesmas condições. Com o tempo, desiste de procurar emprego e abre um negócio próprio, no chamado empreendedorismo por necessidade.
Foi o que aconteceu com Leandro Capel, Tatiana Camargo e José Pereira Lima Júnior. Conheça a história de cada um deles:

Após 20 anos como atuário, Leandro vai abrir pizzaria


Atuário de formação e com mais de 20 anos de experiência em seguradoras e consultorias, Leandro Capel, de 43 anos, ficou desempregado em maio de 2016. Após alguns meses procurando sem sucesso um novo emprego na área, ele decidiu usar as economias que tinha para montar um negócio próprio.
"Minha ideia foi montar uma pizzaria apenas com pizzas sem glúten. Não há nada desse tipo em São Paulo", diz Leandro.
"Algumas pizzarias vendem pizzas sem glúten, mas, se você as prepara no mesmo forno que as outras, há contaminação. Eu tenho uma irmã que é celíaca [portadora de doença que causa intolerância a glúten], então estou por dentro desse universo", explica.
Com longa experiência no mercado financeiro e pouca afinidade com a cozinha, Capel decidiu fazer curso de culinária, pães e massas sem glúten.
"Eu nunca havia montado uma empresa própria, mas há alguns anos fiz um MBA executivo, isso me ajudou. Apresentei o plano de negócios para algumas pessoas que conheço que têm experiência, elas me ajudaram a ajustar. Também procurei um contador e conversei com fornecedores."
A expectativa de Capel é inaugurar a pizzaria no primeiro semestre de 2018 - a obra está sendo financiada com o dinheiro de um empréstimo. As despesas pessoais são pagas com as economias de anos de trabalho. "O meu padrão de consumo familiar diminuiu, porque agora dependo das reservas que eu tinha", conta.
Capel também teve que aprender a contornar a frustração inicial. "Pessoalmente, foi terrível a transição. Fiquei muito desgostoso de não me recolocar [no mercado]. Eu, que tinha o hábito de usar terno e gravata, de repente estava em uma fábrica de fornos de tênis e calça jeans."

Fonte: G1

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