sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

4 EMPRESAS BRASILEIRAS QUE FAZEM SUCESSO COM SUCOS SAUDÁVEIS

O mercado se movimenta para atender o consumidor preocupado com a composição nutricional do que bebe. Enquanto grandes indústrias como Coca-Cola e Ambev diversificam seu portfólio para incluir bebidas prontas com apelo saudável, empreendedores encontram nichos de mercado ao desenvolver produtos que combinam sabor natural e benefícios à saúde.

Há uma migração dos itens com mero teor reduzido de açúcar, encarados como artificiais, para opções mais frescas e que incluem ingredientes naturais”, diz Daniel Asp Souza, gerente da área de bebidas da Nielsen, consultoria de pesquisa de mercado. “Isso abre espaço para negócios que atendem consumidores dispostos a experimentar produtos mais saudáveis e pagar mais por isso, sobretudo nas classes A e B.”

Os dados mais recentes da Euromonitor apontam que as vendas de bebidas orgânicas cresceram 8,6% no Brasil em 2015, acima da média global. As bebidas classificadas como naturalmente saudáveis (sucos 100% de fruta, água mineral, chás e água de coco) registraram aumento de 18,7%, com potencial de chegar a US$ 12 bilhões ao ano até 2020. Há dois grandes desafios para quem decide entrar nesse mercado.

“A comunicação institucional precisa ser muito bem fundamentada para que os consumidores entendam os benefícios da marca”, diz Souza. Outro obstáculo está na distribuição. Para os refrigerantes, já existe uma estrutura de 1 milhão de pontos de venda espalhados pelo país. “Os canais de escoamento para bebidas naturais ainda estão em formação”, diz Souza. Uma saída é investir no consumo fora de casa. Em São Paulo, ele representa 72% das vendas de água de coco, 36% de sucos prontos e 39% de chás. Já o sistema de delivery aparece como alternativa para a venda de sucos frescos prensados.

Onda fresca - Conheça quatro negócios que estão crescendo no setor de bebidas naturais

Refrigerante de fruta
Gustavo Siemsen, 48 anos, começou a arquitetar a Gloops quando foi questionado pela filha sobre o que fazia no trabalho. Na época, ele era executivo da PepsiCo, mas não achava o refrigerante um produto adequado para consumo familiar. Incomodado pela contradição, partiu para o plano B: montar uma rede de lojas de alimentação saudável que vendesse suco natural gaseificado de framboesa e limão-siciliano. Em 2012, abriu o primeiro ponto numa academia em São Paulo (SP). Antes de abrir o segundo, já tinha migrado do varejo para a indústria. “A bebida havia se tornado um sucesso”, diz Siemsen. Hoje, a Gloops está em lojas como Pão de Açúcar, Carrefour e Angeloni, escolas e empórios de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. A empresa faturou R$ 2,6 milhões em 2016 e prevê dobrar de tamanho neste ano.

Sucos certificados
Leandro Farkuh, 36 anos, está na área de produtos com apelo saudável há 20 anos. Em 1999, ele reativou uma indústria da família de barrinhas de cereais em São Paulo (SP), parada por dois anos. Surgiu, então, a marca biO2, composta atualmente por uma miríade de itens, como balas de algas e mix de frutas em pó. No ano passado, a empresa lançou sua primeira linha de sucos e chás orgânicos — sem adição de açúcar, corantes, conservantes e aroma artificial. Dentro da linha, há opções infantis, como o suco de banana e maçã e o de laranja, cenoura e beterraba. No primeiro ano de vida, as bebidas já responderam por 20% dos R$ 30 milhões faturados pela biO2. “A maior dificuldade foi adaptar fabricas terceirizadas para produzir sem substâncias químicas e encontrar fornecedores com selos de certificação”, diz.

Dose extra de nutrientes
Foi durante o MBA nos Estados Unidos que o engenheiro Daniel Feferbaum, 38 anos, percebeu nos supermercados uma tendência que o levaria a dar uma guinada nos negócios. Da área de móveis, mudou para a de bebidas funcionais. Assim nasceu a Luminus Life, em 2013, fabricante de sucos fortificados com ômega 3, cálcio, vitamina C, ácido fólico, entre outros nutrientes. Eles são indicados principalmente para pessoas com deficiência nutricional ou doenças como diabetes. Em 2016, a empresa faturou R$ 5 milhões. Para triplicar de tamanho neste ano, Feferbaum abriu uma filial na Flórida. “Participamos de congressos internacionais de nutrição e vimos que havia distribuidores de fora interessados.” Por aqui, após a chegada a lojas do Grupo Pão de Açúcar, o plano é capilarizar a distribuição em pequenos varejos.


Da horta para a prensa
A economista Bianca Laufer, 44 anos, conheceu no Havaí os sucos prensados a frio (o que significa que os ingredientes não passam por centrífuga e nem são quimicamente tratados) e decidiu produzí-los no Rio de Janeiro (RJ). A Greenpeople começou com entrega direta para assinantes em 2014. De 2015 para 2016, cresceu 280% e hoje, além do delivery, tem oito lojas próprias no Rio e em São Paulo, 200 pontos de venda parceiros e 80 funcionários. O catálogo contempla 17 misturas de frutas, vegetais e temperos. A fabricação é terceirizada. Porém, hortas próprias são cultivadas na serra fluminense para abastecer a produção. “Cada garrafinha vale por uma refeição, pois concentra 1,4 quilo de ingredientes”, diz Bianca. Para ampliar a validade de três para 40 dias, o produto passou a ser embalado recentemente por uma máquina de alta pressão.

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